06 fevereiro, 2011

Resenha: “Tempo dos anjos”, de Anne Rice

Livro: Tempo dos anjos
Série: Songs of the Seraphim
Autor (a): Anne Rice
Páginas: 279
Editora: Rocco
Resenha por: Patoka
Tempo dos anjos apresenta um assassino de aluguel, Toby O´Dare, que um dia, logo após cometer um crime, recebe a visita de seu anjo da guarda, Malchiah, oferecendo a ele a chance de se redimir de seus pecados.
O´Dare, que um dia aspirou entrar para o seminário, mas teve sua vida virada pelo avesso após uma tragédia pessoal e tornou-se um homem frio, inicia então uma viagem no tempo, sendo levado à Inglaterra do século XIII, onde torna-se protetor de um casal judeu erroneamente acusado de ter assassinado a própria filha, convertida ao cristianismo. Repleto de reflexões morais e religiosas e dotado de magnífica reconstrução histórica, Tempo dos anjos aborda, com a narrativa envolvente de Anne Rice, a dificuldade humana para conciliar amor, fé e razão.
A impressão que se tem ao ler “O tempo dos anjos” é que você está lendo três livros diferentes. Por isso, acho que é mais fácil entender se dividir o exemplar em partes:

A primeira parte é narrada por Lucky, a raposa. Um matador de aluguel, nitidamente pertubado. É difícil entender direito o que está acontecendo, onde ele está e o que está prestes a fazer. Tudo é contado com frases soltas, divagações, repetições excessivas de palavras e você chega a pensar que Anne Rice perdeu a mão.

Não vou contar porque ou como se chegou a isso, mas a segunda parte é contada pelo serafim Malchiah, um anjo enviado por Deus para fazer uma proposta a Lucky. Malchiah narra então a vida de Toby e como ele se tornou Lucky, a raposa. Parece que estamos lendo um livro diferente: vocabulário vasto, cadência perfeita de tempo, calma na narrativa, conhecimento dos fatos … exatamente como seria a narrativa de um ser de inteligência infinita.

Aí vem a terceira parte: a missão de Toby. O matador é levado à Inglaterra do século XIII, para ajudar um casal de judeus a alcançar a justiça. Um dos pontos fortes desse pedaço é a pesquisa dos acontecimentos da época, onde os judeus trocavam proteção por terras e ouro. Dessa vez, a narrativa é variada. O protagonista, nitidamente mais calmo e com clareza de seus objetivos, consegue narrar os fatos com inteligência e astúcia. Em outras, onde ele está confuso com seu papel na missão, desliza nas palavras e se embola. 

Como disse no início, as vezes você esquece que as partes anteriores são pertecentes a mesma história. A diversificação dos métodos de narração no começo pode confundir o leitor, mas a medida que você avança na leitura, percebe que foi uma tática bem empregada da autora, onde cada fala representa um personagem ou pelo que ele está passando. Vale frisar que o livro possui capítulos longos, o que pode dar uma certa lentidão a narrativa.

Mais um livro com a habilidade literária de Anne Rice. Uma genialidade que parece não ter fim. Quando você acha que já leu tudo que a autora poderia oferecer, ela te surpreende com uma história totalmente diferente, cheia de lições de moral e indagações religiosas! Não deixem de ler a “Nota da autora” no final do livro.

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