I - O beco
-"Crimes hediondos devem ser sempre punidos com morte!"- presidente do séc. XXI numa palestra contra a expressão.
No beco correndo, correndo... Medo, medo.
Correndo como nunca corri antes. Os mendigos e o lixo contornam meu caminho...
Longe (não tão longe assim), os policiais (dois policiais, não tão longe assim): Fardas negras, capacetes escuros.
O suor me escorre na face coberta parcialmente pelo lenço vermelho que me ajuda a respirar. Corro ofegante.
Cidade!Cidade!
Os mendigos riem.
Os policiais restritos em movimentos rápidos me parecem robôs, criaturas rígidas sem rosto.
Minha mãe dizia: ”Isso não são roupas para uma menina direita!”
Calças jeans rasgada, cabelo verde, jaqueta preta... Bem-vindos ao meu mundo!
Bom, acho que acabei por me perder para esquerda, não sei se por naturalidade ou por repressão...
Correndo meus olhos lacrimejam áridos, talvez sentimento, talvez... Talvez...
Acho que é doença mesmo, mas isso não importa!
Meu coração bate acelerado como uma caótica canção, isso é o que me importa!
Caralho eles estão me alcançando!
Já não dá mais, este é o fim do beco. Os policiais param a certa distância. Miram com perfeição arquitetônica, não querem gastar muito comigo, por isso são cautelosos.
Esse é o tempo que necessito. Estou nervosa. Pego minha lata de spray. Tremendo sinistramente feliz. O muro de aço se torna palco para as letras escritas de maneira desorganizada...
"Liberdade de expressão é o que eu quero”.
Os policiais atiram...
Meu Caos!
Nosso Caos!
Uma bala cada um, um destino cada um...
As lágrimas escorrem pela face silenciosa antes da dor que me estoura o crânio.
Caio morta no chão frio, serenamente feliz por ter quebrado mais uma lei sem sentido.
Os policiais somem no meio do vapor quente do fim do dia.
Não sei se alguém leu o que escrevi... Acredito que não...
Mas quando chega a noite, ratos, lacraias e mendigos se aproximam sorrateiros do meu corpo.
Figuras noturnas, habitantes do Desconhecido!
De minha carne comem, na minha carne habitam.
Minha morte não foi em vão!
- Uma garota do séc.XXI tinha morrido por uma boa causa.
-"Crimes hediondos devem ser sempre punidos com morte!"- presidente do séc. XXI numa palestra contra a expressão.
No beco correndo, correndo... Medo, medo.
Correndo como nunca corri antes. Os mendigos e o lixo contornam meu caminho...
Longe (não tão longe assim), os policiais (dois policiais, não tão longe assim): Fardas negras, capacetes escuros.
O suor me escorre na face coberta parcialmente pelo lenço vermelho que me ajuda a respirar. Corro ofegante.
Cidade!Cidade!
Os mendigos riem.
Os policiais restritos em movimentos rápidos me parecem robôs, criaturas rígidas sem rosto.
Minha mãe dizia: ”Isso não são roupas para uma menina direita!”
Calças jeans rasgada, cabelo verde, jaqueta preta... Bem-vindos ao meu mundo!
Bom, acho que acabei por me perder para esquerda, não sei se por naturalidade ou por repressão...
Correndo meus olhos lacrimejam áridos, talvez sentimento, talvez... Talvez...
Acho que é doença mesmo, mas isso não importa!
Meu coração bate acelerado como uma caótica canção, isso é o que me importa!
Caralho eles estão me alcançando!
Já não dá mais, este é o fim do beco. Os policiais param a certa distância. Miram com perfeição arquitetônica, não querem gastar muito comigo, por isso são cautelosos.
Esse é o tempo que necessito. Estou nervosa. Pego minha lata de spray. Tremendo sinistramente feliz. O muro de aço se torna palco para as letras escritas de maneira desorganizada...
"Liberdade de expressão é o que eu quero”.
Os policiais atiram...
Meu Caos!
Nosso Caos!
Uma bala cada um, um destino cada um...
As lágrimas escorrem pela face silenciosa antes da dor que me estoura o crânio.
Caio morta no chão frio, serenamente feliz por ter quebrado mais uma lei sem sentido.
Os policiais somem no meio do vapor quente do fim do dia.
Não sei se alguém leu o que escrevi... Acredito que não...
Mas quando chega a noite, ratos, lacraias e mendigos se aproximam sorrateiros do meu corpo.
Figuras noturnas, habitantes do Desconhecido!
De minha carne comem, na minha carne habitam.
Minha morte não foi em vão!
- Uma garota do séc.XXI tinha morrido por uma boa causa.
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