10 setembro, 2010

Prelúdio de personagens - Tyrese Johnson


Tyrese Johnson nasceu em Memphis, no Tenesee, a 28 de Agosto de 1945. Era um garoto negro e filho único de uma família pobre. Aos dez anos viu o pai ser assassinado por responder a uma provocação racista, logo aprendeu que o mundo é muito cruel com os menos favorecidos. Aos doze mudou-se com a mãe para Nova Orleans onde ela o sustentava com dinheiro ganho de prostituição, aos quinze Tyrese entrou para a vida de crimes realizando pequenos furtos que logo foram crescendo, até cometer seu primeiro homicídio: Tyrese executou a pauladas um garoto branco que jogava pedras em sua casa ao voltar da escola, crime do qual ficou impune. Aos dezessete anos, estuprou a filha do delegado como represália pelos maus tratos causados à sua mãe, porém, não pôde escapar desta vez, foi perseguido e por pouco conseguiu fugir com a ajuda da mãe, que o pôs clandestinamente em um navio para a Itália.
     Tyrese jamais veria sua mãe de novo. 

      “T-Boy” — como ficou conhecido no submundo por ser americano e mais novo que todos os colegas — entrou para uma pequena gangue sob ordens indiretas de um político corrupto em alta na época. Certa vez encontrou um dos parceiros conversando com um conhecido oficial da guarda, entregando-lhe documentos que incriminavam seu patrão, sem pensar duas vezes Tyrese executou os dois e queimou seus corpos junto com os papéis, ação que lhe rendeu certa preferência de seu patrono. Como um ato de gratidão foi indicado por seu chefe a um colega chamado Vitorio DeLuca, um famoso traficante de bebidas, misterioso e de poucas palavras.
DeLuca apadrinhou o garoto e o levou a Cori, uma cidade ao sul de Roma, e o treinou durante sete anos na arte da espionagem, doutrinando-lhe acerta de desprendimentos pessoais em nome de um ideal maior. Após seu árduo treinamento, apenas uma ideologia movia Tyrese: A liberdade para sua raça valeria qualquer sacrifício, se feito em nome do progresso. 
     Mas as responsabilidades para com seu antigo patrão continuaram. Aos vinte e quatro anos, Tyrese recebeu uma importante tarefa: incriminar James Earl Ray, um caloteiro e dedo-duro em potencial que não podia ser executado por estar sendo muito visado por um “concorrente” de seu patrão. Infelizmente James havia sido preso e extraditado para a penitenciária do Missouri, nos Estados Unidos, mas numa reviravolta do destino, pouco tempo depois James fugiu para Memphis, Tenesee. Uma incrível ironia na vida de Tyrese, a primeira de muitas.
     Depois de estudar a cidade e fazer contatos, Tyrese, que agora se identificava por Felippo DeLucca — em homenagem a seu mestre — descobriu que o ativista Martin Luter King Jr. estaria em uma passeata em nome dos direitos negros. “Ele é um fraco” — pensava Tyrese — “está apenas sendo manipulado pelos dois lados para promover uma pacífica continuidade ao quadro de racismo atual, os negros vão continuar a ser explorados e afligidos”, logo Luther King não era necessário à causa negra, por isso Felippo desenvolveu sua estratégia:
Contou a um tal Loyd Jowers, um falastrão qualquer, que ofereciam 100 mil dólares pela cabeça de King, comprou um rifle em Birmingham com a identidade falsa de Harwey Lowmeyer, alugou um quarto em nome de John Willard e alguns dias depois se registrou em outro hotel como Eric Galt. Em seguida deu os documentos falsos a uma prostituta que pagou para convencer James a passar algumas noites com ela na cidade dormindo nos quartos alugados. No dia 4 de abril de 1968, momentos antes da marcha de protesto, Tyrese assassinou King do quarto onde James havia passado a última noite com a prostituta, deixando a arma no local e concluindo sua missão com êxito, apenas finalizando sua tarefa em 1979, quando subornou um secretário de justiça para redigir um relatório confirmando a culpabilidade de James. 

     Tendo em vista o maravilhoso sucesso da missão de Tyrese, Vitorio o convidou a um ‘estágio superior’ de seu treinamento que durou sete meses. Durante as sessões Vitorio narrava contos de tempos ancestrais acerca de criaturas que ocultavam suas monstruosidades na escuridão da noite e pertenciam a uma raça superior na cadeia alimentar, de vida eterna e dons que lhes asseguravam sobrevivência sob qualquer aspecto de ameaça.
     Por algum tempo as histórias não faziam sentido para Tyrese até Vitorio apontar a maior das virtudes dos filhos da noite: “alguns de nós possuem um ideal de liberdade inigualável e inabalável, bem como um senso de união” — Vitorio já punha suas presas à mostra — “A família, se manterá unida, não importando de onde você venha ou quem seja”.
     Um rápido movimento de mãos e o vampiro já estava debruçado sobre o corpo imóvel de Tyrese absorvendo seu sangue, após alguns goles de vitae das costas da mão de Vitorio, o garoto lentamente voltou a si, ele havia morrido e agora renascia como algo pior e melhor.
     Sua não-vida seria para sempre uma doce dualidade, uma linha tênue entre angústia e prazer.
     Tyrese tornara-se um filho da escuridão.
   

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