29 outubro, 2010

A União Imperial - Vol. 2 [Parte 2]


A RAPOSA GANANCIOSA

Os olhos do gatuno saltaram diante do vislumbre saído da caixa de couro, seu rosto foi iluminado pelo brilho esplendoroso e ofuscante do artefato contido no pequeno recipiente.

Volk, também conhecido como "raposa de ébano" -- devido às suas habilidades furtivas e a roupa escura que sempre vestia --  havia sido contratado por um mercador ambicioso, um minotauro chamado Theronford, que se dizia colecionador de relíquias, para tomar das mãos do prefeito Galtimore o objeto valioso. Pagara metade do serviço adiantado e esperava que a empreitada estivesse realizada até o amanhecer do sétimo dia após a negociação, em que se encontrariam na estação do trem para trocar a mercadoria pelo adicional restante que faltava pelo serviço.

o artefato se parecia muito com um globo de cristal, porém, diferentemente de todos os globos de cristal que Volk já havia visto, aquele globo guardava uma energia mística encantadora, dourada e reluzente. Parecia que estava segurando o próprio sol na palma da mão. Uma massa da coloração das chamas de um vulcão se retorcia dentro do recipiente, girando em movimentos disformes enquanto preenchia todo o ambiente com sua luz magnífica. Volk o estendeu diante dos olhos por várias horas, que para ele pareciam segundos.

O alvorecer não tardou a chegar, e finalmente o ladino deixou-se negar o esplendor da relíquia em suas mãos, guardou-no novamente no recipiente de couro e pôs este dentro de uma bolsa afivelada com pequenas trancas. Esticou o braço para apanhar a jarra de água e se serviu de algumas frutas que guardava em um largo cesto feito de palhas secas.

Ponderou por bastante tempo se deveria entregar o maravilhoso ítem ao mercador, que pareceu não dar muita importância ao conteúdo da caixa quando lhe oferecera cento e cinquenta peças de ouro em troca do serviço. Volk achou que poderia conseguir muito mais se oferecesse o ítem a outros compradores. Pensou em como poderia replicar o artefato, para vender a Theronford o objeto falso, enquanto guardaria o original para si, em seu tesouro particular. Ou até mesmo o vendesse e formasse sua própria guilda de ladrões.
Lembrou-se de alguém que poderia ajudá-lo, uma amiga de infância que conhecera em outro país, não muito distante. Como o trabalho fora realizado no mesmo dia em que fora contratado por Theronford, Volk se viu em vantagem, podendo fazer a viajem até o país de sua antiga colega, replicar o artefato e voltar a tempo de netregá-lo ao comprador, que provavelmente não seria capaz de notar a diferença entre  a verdadeira relíquia e uma cópia produzida por magia.

Tendo decidido o curso de ação, Volk montou sua pequena mala para viajens e seguiu para o porto, onde tomaria o navio rumo a Damantria, o país do estremo oeste no arquipélago da União. Lá, tomaria condução até Kal-Norte e procuraria por sua amiga querida que a tantos anos não encontrava, desde que seus pais a obrigarama a viver no santuário sagrado de Daminia, a deusa das artes místicas, onde ela provavelmente continuava aprendendo sobre bolas de fogo e barreiras de cristal.

Já a bordo do navio mercante que o levaria a Damantria, Volk planejava como gastaria o dinheiro obtido com o pequeno objeto que trazia consigo, sua ambição imperava sobre o bom senso e a moral que a maioria dos seres, sejam eles humanos, elfos, anões ou halflings, poderia julgar questionável. Onde um heroico paladino dos deuses ou um clérigo sacerdote veriam uma forma de elevar o culto a sua divindade patrona, Volk via a oportunidade de viver em mordomia, ter seus próprios empregados e desviar-se da lei comum, vivendo em um local remoto, afastado da civilização, onde encontraria paz e segurança para colecionar seus tesouros, e o glogo reluzent em sua posse seria o princípio de seus prazeres.
Mal sabia ele que o objeto em sua guarda decidiria a continuidade da vida para todos os seres da União Imperial.


Um comentário:

  1. Vagando nessas tantas ruas virtuais, encontrei tua porta de amante das Letras aberta - e entrei. Devo anunciar-me como um desses que diz "Oi, de casa! Trago aqui em minhas mãos a chave para dias melhores: escrevo e vendo livros!". Assim, venho te convidar para visitar o meu blog e conhecer as sinopses de meus romances, a forma de adquiri-los e, posteriormente, discuti-los. Três deles estão disponíveis inclusive para serem baixados “de grátis”, em formato PDF.
    Um grande abraço literário,

    João Bosco Maia

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